Anacardiaceae

Spondias testudinis J.D.Mitch. & Daly

LC

EOO:

143.194,22 Km2

AOO:

60,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

A espécie não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta distribuição: no estado do Acre — nos municípios Brasiléia, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo, Porto Acre, Porto Walter, Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomard, Xapuri e Xapurí —, e no estado de Rondônia — no município Porto Velho.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore com até 38 m, não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com registros confirmados também na Bolívia e no Peru (Mitchell e Daly, 1998). Popularmente conhecida como cajá-de-jaboti, cajarana-da-mata e cajarana no Estado do Acre, foi documentada em Floresta de Terra-Firme associada à Amazônia presente em 11 municípios distribuídos pelos estados do Acre e Rondônia. Apresenta distribuição ampla no país, EOO=117133 km², mais de 10 situações de ameaça e aparentemente, sua população não se encontra severamente fragmentada. Poderia ser considerada Em Perigo (EN) por B2(iii), com a AOO=60 km² e preferência por formações florestais; entretanto, sabe-se que a região de ocorrência de S. testudinis ainda é ainda coberta por extensões significativas de fitofisionomias de ocorrência potencial em estado prístino, além de ocorrer em Unidades de Conservação. Assim, embora o pequeno valor de AOO sugira vulnerabilidade, existem muitos habitats onde a espécie pode vir a ser registrada, além das áreas já conhecidas. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, e apesar dos frutos da espécie serem apreciados, não há evidências que atestem corte seletivo, a despeito de seu porte avantajado. Diante deste cenário, portanto, a espécie foi considerada como Menor Preocupação (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) de modo a ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro. É importante ressaltar a ampliação de impactos antrópicos ocasionados a partir da expansão da fronteira agrícola, particularmente acentuado ao Sul/Sudeste da distribuição atualmente conhecida para S. testudinis.

Último avistamento: 2013
Quantidade de locations: 11
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Brittonia 50, 448, 1998. É afim de S. macrocarpa, mas difere por folíolos laterais obliquamente lanceolados a elípticos (não falcamente lanceolados (2,9-) 5,2-7,6 X 1,5-2,3 cm (vs. 5-5,6 X 1-1,4 cm), a margem crenulada para subinteira (vs. crenada), veias secundárias 15-17 (vs. 10-15); pedicelo 1,5-1,7 mm (vs. 2,8-3,5 mm); pétalas 2-2,4 mm (vs. ca. 2,6 mm); e frutas (3,8-) 4,9-6,3 x. Popularmente conhecida como cajá-de-jaboti, cajarana da mata e cajarana no Estado do Acre (Mitchell e Daly, 1998, Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore com até 38 m de altura (Mitchell e Daly, 1998). Ocorre na Amazônia, em Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 1998. The “ Tortoise’s Caja”-A New Species of Spondias (Anacardiaceae) from Southwestern Amazonia. Brittonia 50, 447. https://doi.org/10.2307/2807753

Reprodução:

Fenologia: flowering (Sep~Oct), fruiting (Sep~Jun)

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future national very high
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38. URL https://doi.org/10.1017/S0376892901000030
  3. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: The climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431. URL https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.015
  4. Gasques, J.G., Bastos, E.T., Valdes, C., Bacchi, M.R.P., 2012. Total factor productivity in Brazilian Agriculture, in: Fuglie, K.O., Wang, S.L., Ball, V.E. (Eds.), Productivity Growth in Agriculture: An International Perspective. CABI, Oxfordshire, pp 145-161.
  5. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 2020. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. URL www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201-levantamento-sistematico-da-producao-agricola.html
  6. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  7. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29, projeções de longo prazo. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola, Brasília. URL http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_estatistico/Projecao_do_Agronegocio_2018_2019_a_2028_29.pdf
  8. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. Martorano, L., Siviero, M., Tourne, D., Fitzjarrald, D., Vettorazzi, C., Junior, S., Alberto, J., Yeared, G., Meyering, É., Sheila, L., Lisboa, S., 2016. Agriculture and forest: A sustainable strategy in the brazilian amazon. Austral. J. Crop Sci. 8, 1136–1143. URL https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/147006/1/martorano-10-8-2016-1136-1143.pdf
  10. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. URL https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  11. Domingues, M.S., Bermann, C., 2012. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. Soc. 15, 1–22. URL https://doi.org/10.1590/S1414-753X2012000200002
  12. Simon, M.F., Garagorry, F.L., 2005. The expansion of agriculture in the brazilian amazon. Environmental Conservation 32, 203–212. URL https://doi.org/10.1017/s0376892905002201
  13. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future regional high
Em poucos municípios rondonienses a pecuária não se expandiu entre os anos de 2001 e 2006. Estes poucos municípios se localizam no sul do estado. Em grande parte do estado houve expansão do rebanho bovino, de maneira particularmente acelerada em uma faixa que se estende pelas microrregiões de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho, onde houve aumento superior a 50 cabeças/ km2 (Oliveira et al., 2008).
Referências:
  1. Oliveira, S.J. de M., Abreu, U.G.P. de, Valentim, J.F., Barioni, L.G., Salman, A.K.D., 2009. Pecuária e desmatamento: mudanças no uso do solo em Rondônia, in: SOBER (Ed.), 47° Congresso Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Porto Alegre, p. 13.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional high
Os municípios Brasiléia (AC), Capixaba (AC), Cruzeiro do Sul (AC), Porto Acre (AC), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Sena Madureira (AC), Senador Guiomard (AC) e Xapuri (AC) possuem, respectivamente, 29,8% (116722,3ha), 47,99% (81679,8ha), 7,81% (68592,5ha), 45,39% (118227,1ha), 22,11% (753851,9ha), 26,98% (238417,8ha), 6,41% (152125,3ha), 66,76% (155023,5ha) e 22,73% (121536,3ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Brasiléia (AC), Capixaba (AC), Cruzeiro do Sul (AC), Porto Acre (AC), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Sena Madureira (AC), Senador Guiomard (AC) e Xapuri (AC) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre em Porto Velho (RO), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018).
Referências:
  1. BRASIL, 2007. Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 21/12/2007, Edição Extra, Seção 1, p. 12. URL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6321.htm (acesso em 13 de outubro de 2020).
  2. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2018. Portaria MMA nº 428, de 19 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 20/11/2018, Edição 222, Seção 1, p. 74. URL http://http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/50863140/do1-2018-11-20-portaria-n-428-de-19-de-novembro-de-2018-50863024 (acesso em 13 de outubro de 2020).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Parque Nacional Mapinguari e Reserva Extrativista Alto Juruá.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural fruit
De acordo com Mitchell e Daly (1998) o fruto é comestível.
Referências:
  1. Mitchell, J.D., Daly, D.C., 1998. The “ Tortoise’s Caja”-A New Species of Spondias (Anacardiaceae) from Southwestern Amazonia. Brittonia 50, 447. https://doi.org/10.2307/2807753